Gipsy Heritage

Meus amigos e conterrâneos espalhados por todo o mundo e ainda aqueles que é mais o tempo que passam na lua do que cá no planeta:

Como foi alertado pelo nosso amigo Carlos (até soa mal chamar chamar-lhe Carlos, ficava melhor assim, não sei, outro nome, quem sabe...) existem figuras determinantes na nossa sociedade, a quem não tem sido dada a importância necessária. Pois bem, assim decidi fazer uma breve biografia do nosso amigo Cândido Cigano.

Numa época em que as comunidades ciganas são cada vez mais discriminadas, sendo associadas ao vandalismo e condutas impróprias, cabe-nos a nós mostrar que até a comunidade cigana em Loivos é deveras superior.

Cândido chegou não se sabe quando nem de onde à nossa terra. Da famila original que com ele chegou restou apenas o seu filho Chico que viria a tornar-se com o passar do tempo numa figura tão ou mais importante que o seu próprio pai. A mulher não partilhava da sua visão para mudar o mundo e deu de abalada com um outro clã cigano, levando a sua filha (há quem diga que quem se fodeu com a atitude da mulher foi o Sebatião de Selhariz mas quanto a isso, nada sabemos...)

Durante a sua vida desenvolveu dotes vocais que são utilizados nas suas várias borracheiras,no caminho entre o Café da Ausenda até à Barroca. Quem nunca ouviu uma execução do "Apita o Comboio" ou o "Pimba Pimba" oferecida pelo Cândido? Ninguém. As suas derrapagens naquela subida acentuada para o portão do Caravela já se tornaram célebres, tendo mesmo algumas ficado marcadas pela crueza e impressionabilidade das imagens. O seu sentido de equilibri deixa muito a desejar a partir das 11h da manhã (às vezes até mais cedo).

Os únicos delitos deste nosso amigo são as vezes que promete que vai trabalhar com a égua mas como a ressaca não ajuda, lá tem que ficar para outra altura. Socialmente, houve um tempo em que as suas aparições ao lado do Sebastião de Selhariz nos levaram a pensar que estaria ali a formar-se uma sociedade bastante produtiva. No entanto, e sem razão aparente, a sociedade diluiu-se e nunca mais foram vistos em público (por falar nisso, nunca mais vi o Sebastião!!!).

Um dos maiores esforços perpetuados por este indivíduo foi a protecção da sua carroça nas noites de São João. Tentou de tudo, desde cães de gurda a armas de fogo mas a verdade é que o seu estado de alerta nunca lhe permitiram atingir os seus objectivos.

Sem dúvida um Homem com um ar diferente, no entanto impregnado do sentido Ribeirense (não sei se impregnado será o termo correcto). A prova em como os ciganos até podem ser solitários e não arranjar problemas a ninguém (só em Loivos como é claro).

Viva o Cândido

Vivam os Ciganos.

VIVA LOIVOS